Surpresa! Daniduc escrevendo aqui: marido da Carla, nerd assumido, fundador da associação dos maridos de mulheres que tem blog de culinária, usam Mac e tiram fotos das comidas. E o mais importante pra vocês, um ex-sem noção de cozinha. Sim, até outro dia, digamos, um ano e meio atrás, eu era incapaz de acertar um miojo, conseguia arruinar sopa pronta Maggi… se bem que estas já vem pré arruinadas de fábrica, mas deixa pra lá. Digamos que eu era incapaz de seguir as instruções fazer um produto final conforme previsto. Sim, senhores, eu errava ovo cozido e todos os clichês de homem sem noção na cozinha.
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O que mudou tanto assim a ponto de eu estar me arriscando à algo impensável um ano e meio atrás, escrever uma receita? De comida, quero dizer, receitas técnicas de computador já escrevi diversas. A minha vida, eis que mudou tanto assim. Ok, vou tentar ser breve e escrever algo que tenha a ver com culinária e nutrição, mas se você quer cortar o blábláblá. pode pular direto pra receita, lá embaixo. Page down é seu amigo. Ou cntrl F ae a seguir A receita. Juro que não vou ficar chateado.
De como um sem noção resolveu aprender a cozinhar
Pronto, agora que os apressadinhos se foram, podemos conversar melhor 🙂 Então, eu sempre fui um cara magro. Isso só até eu começar a trabalhar fora, e a tomar as decisões a respeito da minha alimentação. Sabe criança quando pode escolher o que comer? Esse era eu. Eu passei a viver de comida de entrega, fast-food, doces, coisas enlatadas ou industrializadas e refinadas. Quando eu passei a ser responsável por me alimentar sozinho, eu comecei a escolher o que não dava trabalho pra fazer -e ainda por cima era gostoso. A desculpa pra esse comportamente era de que eu não sabia cozinhar. O que era verdade, mas também uma desculpa. Eu não sabia, essa parte era verdade, mas a questão é que eu não queria saber. Tinha preguiça, achava a comida de engtrega e fast-food gostosos e práticos e eu não precisava perder tempo com alimentação. Comer era encher um buraco no meu estômago, no menor tempo possível com a maior gostosura possível, de modo que eu pudesse continuar fazendo outras coisas mais improtantes do que cozinhar – trabalhar, jogar, ver TV, estudar, ou o que seja.
As consqüências das minhas decisões foi que eu engordei. Muito. Mas muito mesmo. Oh, claro, houve fatores agravantes, mas estes só lançaram de sobrepeso pra obeso, o problema já estava lá. E o problema era que eu, apesar de ser adulto, portanto obrigado a aceitar responsabildiade pelos meus atos, eu me recusava a aceitar a responsabildiade pela minha alimentação. Eu comia inconseqüentemente, deixando a responsabilidade de preparar minha comida nas mãos do McDonald’s, do Habib’s, da Pizzaria De La Esquina, do Burdog e The Fifties. Da padoca da esquina, e da Maggi, e da Nissin Lamem, enfim, de qualquer um que não fosse eu. E a verdade que esta galera toda não está nem aí pra você e sua saúde. O que eles estão interessados é em maximizar os lucros, como toda empresa. Pra isso existem certas prioridades – facildiade de conservação, distribuição dos produtos, sabor bom, porque é isso que faz uma pessoa comprar de novo, e outros processos que não envolvem eu me alimentar direito. E por que eles deveriam? Me alimentar direito é minha responsabilidade, no fundo. E eu a estava delegando pra empresas que não queriam, e não se importavam com esta responsabilidade. O resultado? Previsível. Obesidade.
A minha primeira reação à obesidade foi também previsível. Dieta. É o caminho certo, certo? Dietei, penei, contei calorias (ou pontos, ou cores, o que quer que seja), e comi de uma maneira que não estava acostumado, sem acreditar naquilo, como uma obrigação da qual precisava me livrar logo. Não via a hora de perder os quilos pra poder parar de fazer cálculos e poder comer sem uma balança e uma calculadora. Me matriculei numa academia, fiz os programas, e com tudo isso perdi os quilos. Oba. Comemorei com milk shake e uma volta completa aos velhos hábitos. Almoçava pão francês com queijo prato, e jantava Habib’s, mas agora eu podia, certo, eu era magro.
Correção: eu estava mais magro. Mas não por muito tempo, obviamente. Engordei tudo de novo. Demorei muito tempo pra me convencer de que era fato, e eu estava de volta à obesidade. Não queria aceitar, não subia na balança, ha mas antes eu estava muito pior. Um dia, pressionado pelos olhos brilhantes, piscantes e sinceros de uma esposa amorosa, subi. E suspirei. Só de pensar a fazer aqueles cálculos, aquele trampo todo, de comer de um jeito artificial, controlando tudo, me deu um grande, enorme desânimo. E aí me ocorreu.
A dieta novamente não iria resolver, porque eu assumi que seria incapaz de comer calculando e controlando tudo o resto da vida. Em vez disso, eu passei a repensar onde eu estava errando. O que em meu comportamento levavava a engordar. Porque, como eu disse, eu sempre fui magro. Eu cheguei a muitas conclusões de como eu estava errando – comida processada, pouco carboidrato integral, etc – mas a principal conclusão, a minha sacada não foi o como, mas o porquê. Eu estava me recusando a assumir responsabilidade pela minha alimentação. Eu estava vivendo, em plena casa dos trinta, como um adolescente – não só por causa do fast-food, popular entre adolescentes, mas no caso porque ser adulto não é ter mais de 18 anos, ser adulto é assumir responsabilidade pelo que faz.
Então resolvi fazer exatamente isso. Me alimentar seria meu problema. Eu resolvi passar a escolher, de maneira consciente, o quê, onde, quando e como iria comer. Em vez de ser uma coisa que eu faço pra tampar um buraco no estômago, pensando o mínimo possível no assunto, “o que eu vou comer hoje” deveria ser uma escolha pensanda. É preciso parar o que se está fazendo pra responder a esta pergunta.
E no processo de responder esta pergunta, ao buscar “o porquê”, é que eu descobri aqueles “o como”, uma série de métodos, de escolhas razoáveis e mais saudáveis, e gostosas. Eu parei de tomar refrigerante, por exemplo. Sim, mesmo os lights. Eu tomava refirgerante light no lugar de água. Aí eu ia ver aqueles conselhos de dieta, beba bastante água. Eu dizia, nossa, eu não consigo, não bebo muita água. Bem, duh, se eu tomo um litro e meio de refirgerante light por dia é mesmo difícil tomar alguma água ainda por cima. Decidi, em vez de tomar refri pra matar a sede, beber água quando estivesse com sede. Simples né? Fui fazendo outras escolhas aparentemente óbvias como esta, mas que não me ocorriam descobrindo comidas, sabores, frutas e um monte de coisas, que fui aprendendo a comer. Passei a ir ao supermercado, comprar comida. Não havia uma força externa me limitando ou me dando parâmetros, ou seja, uma dieta, com regras e cálculos, mas minha curiosidade natural por um assunto que passou a me interessar. De onde vem minha comida? Como ela é preparada? Por que algumas coisas fazem mal? Que papel tem o exercício na minha vida? E, em algum ponto do processo, eu entendi que esta busca de aprender, de entender de maneira consciente o que estava fazendo, e escolher de maneira educada, era o que os nutricionistas tanto falam: “reeducação alimentar”. E tudo começou quando parei de inventar desculpas – “Não sei cozinhar”, “não tenho tempo, trabalho demais” (na época em que eu era sysadmin essa era um hit), e assumi que o que eu fazia nas 24 horas do dia era escolha minha. E nisso eu me interessei naturalmente em aprender a cozinhar.
Oh, não que eu tenha virado um ás no fogão (foi de propósito), um Chef estrelado Michelin, nada disso. Eu sei que não tenho nem o talento nem o interesse pra dominar o fogão pra fazer comida como forma de arte. O que eu tenho interesse é em fazer comida como forma de alimento saudável. E gostoso, sim, obrigado. Em vez de esquentar algo congelado no microondas, dá pra fazer um prato gostoso, saudável em 40 minutos. Antes eu acharia um monte de tempo – melhor ficar esperando vendo TV por 25 minutos enquanto a pizza chega. Mas desde que eu assumi que comer era parte necessária, e mais que isso, interessante, do meu dia, eu vi que “monte de tempo” é uma coisa relativa. Afinal, o tempo voa quando estamos nos divertindo. 🙂
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Receita: Peixe branco ensopado com purê de batatas
Um peixe ensopado no molho de tomate com purê de batatas e salada. Uma refeição completa, simples, rápida, saudável e, se a modéstia me permite, gostosa. O bom desta receita é que emprega alguns conceitos básicos que podem ser utilizado em outros pratos. Por exemplo, o molho de tomate pode ir em um macarrão (integral) com pouca modificação. Nunca mais sofrerás com a azia e os conservantes do molho de caixinha. Vambora. Vai ser divertido, prometo.
Batatas
- 500 gr de batatas orgânicas com casca
- Sal
- Manteiga
- Água quente
- Uma cenoura ralada
O lance das batatas serem orgânicas não é frescura. Como o purê será feito com casca, e é na casca que se acumulam muitos agrotóxicos, é melhor pra você que sejam orgânicas. Mas você quem sabe.
Eu não digo o quanto de manteiga, sal e água porque pode variar. Vamos ver isso com calma mais pra frente. Lave as batatas e as coloque em uma panela no fogo com cerca de um litro de água. Ou o suficiente pra cobrir as batatas. Acenda o fogo e abaixe quando ferver. Acompanhe espetando as batatas de tempos em tempos com um garfo. Elas tem de estar molinhas. Mas elas demoram um pouco pra ficar prontas. Enquanto as batatas cozinham, vá adiantando o
Peixe
- 300 gr de filé de peixe branco
- Limão
- Sal
- Alho (opcional)
Compre uns 300 gramas de um peixe branco de sua preferência, cortados em filé. Digamos, uma tilápia, ou Saint Peter. Lave bem o peixe, esprema um limão nele, passe um salzinho e deixe de molho. Se quiser, esfregue um dente de alho também. Eu fazia isso no começo, mas passei a achar meio forte o gosto do alho. Fica a seu gosto. Enquanto o peixe fica reservado, vamos aprontar o
Molho
- 500 gr de tomates roma
- Um dente de alho
- Meia cebola grande ou uma pequena
- Sal
- Azeite de Oliva
- Uma pitada de Gengibre em pó
- Algumas gotas de tabasco
Lave os tomates e coloque em uma panela pra ferver. Enquanto a água ferve, vá picando a cebola e o alho. Quando estiverem picados, a água deve ter levantado fervura há pouco tempo. A pele do tomate deve estar começando a rachar. Pode tirar do fogo e virar em uma peneira. Embaixo da água corrente (pra não se queimar), puxe as peles dos tomates, que devem estar soltinhas. Pique os tomates em um prato fundo, grosseiramente. Deve formar um caldo. Deixe reservado.
Ponha uma panela de fundo de alumínio (ou outro metal, não teflon) no fogo normal, e ponha um pouco de azeite de oliva. Quando o azeite estiver quente, abaixe o fogo e ponha o alho. Dê uma mexida com uma colher de pau e taque a cebola em seguida. Quando estiverem douradinhos, o alho e a cebila, e cheirando bem (isso deve acontecer rápido. E todo esse processo se chama “refogar”), joge os tomates picados. Mexa tudo, misturando bem. Ainda com o fogo baixo, tampe a panela e deixe uns 10 minutos.
Peixe mais molho
Digo 10 minutos como uma média. Quando o molho tiver dado uma engrossada, cozido um pouco, está na hora. Vá acompanhando de tempos em tempos. Quando você decidir a hora (não tem muito como errar), abra a panela e ponha sal a gosto, um tico de gengibre e uma ou duas gota de tabasco. O lance aqui é dar sabor, não ficar picante. O quanto exato vai depender do seu gosto e experiência. Se ficar pouco sempre dá pra acertar depois, então é melhor ser conservador do que agressivo. Coloque o peixe, mergulhe no molho, deixe a panela tampada no fogo baixo por mais alguns minutos. Como saber se está pronto? Eu faço assim: eu pego um pouco da panela e experimento. Se o peixe estiver molinho, com uma cor cozida, bom sinal. Morda um tiquinho e veja se está bom. Não pode estar o peixe se desintegrando, que aí cozinhou demais. Se estiver no ponto, desligue o fogo e experimente o molho. Acerte o sal e a pimenta.
Hora de voltar a prestar atenção ào
Purê de Batatas
Ok, as batatas estão molinhas, sem oferecer resitência ao garfo? Hora de desligar o fogo. Joge fora a água, e ponha as batatas numa grande tigela. Prepare a manteiga, o sal, a água quente (pode ser morna, não precisa estar fervendo) e vamos lá. Com o garfo, comece a amassar as batatas. Vá misturando nacos de manteiga, que deve derreter, e molhando de leve com a água. Amasse, misture, amasse, até ficar numa consistência de purê. No fim, coloque o sal e a cenoura, misture e amasse com garfo e prove. Se estiver bom de sal, parabéns. Se não, acerte.
A salada
- Meio maço de alface lavada
- Um tomade maduro ou verde, à gosto, picado
- Azeite de oliva, ou limão, o que preferir.
- Sal
Monte a salada, tempere a gosto.
Comer!
Sirva-se de purê, peixe com molho e salada. Acompanhe com um suco de frutas natural e é isso daí.
Eet smakelijk, como dizem os holandeses.
Bem, eu gosto de incentivar “maridos” que assumem sua responsabilidade em se alimentar, sem depender de ninguém que faça a comida por eles. Parabéns ao casal – Carla e Daniduc sao os melhores anfitriões que conheço, sorte se voce receber um convite deles para jantar! Eu já tive o privilégio de experimentar essa receita preparada pelo Daniduc, (bem foi outra, mas muito parecida) saborosa, d+
uia, dude aqui
li o texto todo (mto bom, como sempre)
soh pulei a parte da receita, fiquei c pregui,
.
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har har (piadex)
Carla, queria te convidar tb para agm txt no blogue da afilhada hihihi, q me diz?
Oi Ju,
Que legal, obrigada pelo convite. Tá aceito! 🙂
Olá, vim retribuir a visita e aproveitei: puxei a cadeira e fui me servindo, da caçarola de legumes, à torta holandesa de maçãs… wow, só coisa boa! Delícias mil!
Beijinhos
Oi Laurinha,
Bem vinda ao Entre Panelas! Sinta-se mesmo a vontade! 🙂
Fico feliz que tenha gostado. Me conte depois o que achou caso tente alguma receita. 🙂
Beijinhos,
Carla
:DD
Carla podia ser sobre alimentação, ou uma receita, ou simplestemente sobre madrinhas
.
pro niver dela dia 11 :))
:B
dae pode invandir la heuehue
E está com tudo agora né, que show, parabéns!
Ju,
Ok, legal 🙂 Vou pensar um texto pra escrever. Adorei o tema! 🙂
Eu escrevo, te mando, vc vê o que acha e se gostar publica, feito? 🙂
Cris,
Tá com tudo mesmo. Tem que ver cada jantar delicioso que eu ganho! 🙂
Bjos,
Bacana sua história. Eu aprendi a cozinhar com meu pai,tive facilidade pois já gostava de preparar algumas coisas. Peixe ensopado com batatas, nunca preparei, mas assado sim. Gostei muito da sua receita vou tentar prepará-la ainda hoje, aqui em casa todo mundo adora peixe.
Excelente artigo e receita – :0) Queria só dar uma sugestão para o preparo do purê de batatas: essa água quente que se acrescenta às batatas pode (e deve) ser a própria água onde se cozeram as batatas. É onde estão todas vitaminas extraídas na fervura.
Parabéns pelo blog!
Que bacana sua história Daniel
Aqui em casa, todos adoram comer…tenho 2 filhos ( 21 e 12 )idade em que os fast food, são A COMIDA
um esposo com um peso acima do tolerável e tem me pedido ajuda na alimentação. Porém, como você ( era), não sou fã da cozinha e nem levo muito jeito. As vezes, me arrisco numas receitas que acho na net e sempre o resultado é o que colocam na foto.
Eu neste momento, estou dona do lar e me sinto na obrigação de preparar refeições boas e nutritivas para minha família. Ando até pensando em procurar curso de gastronomia.
Parabéns pela sua iniciativa e mudanças
Abç
Edna
Muito obrigada por seu comentário Edna. Espero que as receitas do Entre Panelas possam te ajudar. 🙂
Nunca é tarde pra aprendermos e colocarmos refeições nutritivas na mesa. Qualquer dúvida estamos por aqui.
Abraço!